Resenha - Menina má

Título: Menina Má

Autor: William March

Editora: Darkside Books

Nº de páginas: 272

Nascemos todos inocentes e somos corrompidos pelo mundo à nossa volta? Ou será a maldade uma espécie de semente que carregamos dentro de nós, capaz de brotar mesmo na mais adorável das crianças? Em Menina Má, conhecemos Rhoda Penmark, uma garotinha de 8 anos extremamente educada e adorável. No entanto, ela é diferente das outras crianças... O comportamento de Rhoda faz com que sua mãe, Christine Penmark, comece a investigar a filha e seu próprio passado, o que trás descobertas bastante assustadoras.

Olá, pessoal! Hoje trago para vocês a resenha desse livro maravilhoso que foi relançado pela Darkside Books nessa versão maravilhosa (capa dura, ilustrada, com ótima diagramação). A obra foi publicada em 1954 por William March, causou grande polêmica por sua violência, mas acabou fazendo grande sucesso e se tornando um clássico da literatura mundial. O livro ganhou adaptações para a Brodway e para o cinema (em 1956) anos depois de ser lançado, sendo indicado ao Oscar.

Link para assistir filme Menina Má (1956)

No livro, conhecemos Rhoda, uma garotinha adorável de 8 anos, por quem todos os adultos caem de amores, ao contrário das crianças que a detestam. Ela é filha de Christine, uma mãe dedicada e carinhosa, e Kenneth Penmark, um pai que viaja muito a trabalho. A família tem boas condições financeiras, uma vida bastante confortável e equilibrada. Rhoda é bem madura para sua idade; faz aulas de piano, frequenta a igreja, vai a escola, lê bastante... E o leitor se encanta pela esperteza e graciosidade da menina. Porém, com o desenrolar da narrativa, fica bem evidente para o leitor que Rhoda é... diferente. Ela não gosta de receber carinhos, é mais isolada, fria, cauculista, gananciosa e é bastante dissimulada, faz de tudo para conseguir o que quer. A maior parte do livro é escrita pelo ponto de vista de Christine, que reconhece as esquisitices da filha e tenta justificá-las.

"Sempre houve algo estranho com Rhoda, mas eles ignoraram suas esquisitices, esperando que, com o tempo, ela fosse se tornando mais parecida com as outras crianças. Mas isso não aconteceu."

Um dia, num piquenique feito pela escola de Rhoda, um dos colegas de sala da menina, Claude, morre e é encontrado num rio. Logo em seguida, Rhoda é expulsa da escola. A mãe da menina começa a suspeitar da filha após alguns comportamentos estranhos. Christine começa a ler sobre crianças assassinas, falar com as diretoras do colégio de Rhoda para saber o que ocorreu de verdade no dia do piquenique, conversa com a mãe do menino Claude... Nessa busca, Christine descobre muitas coisas sobre ela mesma, sobre seu passado. 

"Aquela ali eu sei que é capaz de qualquer coisa. Aquela ali é capaz de meter a faca entre as suas costelas e ficar assistindo o sangue jorrar."

Nessa obra, o leitor se vê completamente curioso para ler até o final e descobrir o que vai acontecer com Rhoda e sua família. No início da leitura, confesso que achei que não seria grande coisa, mas depois eu não conseguia largar o livro, queria ler tudo e saber qual seria o destino de Christine e Rhoda. O leitor fica tentando entender ao longo de toda a narrativa o por quê de Rhoda ser daquele jeito, se é algo genético ou devido à influências familiares ou problemas na criação... O mais perturbador é que nós ficamos completamente surpresos com o quanto uma criança de 8 anos é doente, psicopata, para fazer tudo que Rhoda faz.

A narrativa de William March é muito boa, integra o leitor de tudo que acontece, deixando margens à imaginação para que nós tentemos adivinhar como tudo aconteceu. Outro ponto positivo são os personagens da narrativa; o autor coloca personagens muito diferentes, com personalidades distintas, interagindo. A Sra. Breedlove com seu bom coração e suas análises psicológicas sempre tentando animar Christine, o zelador Leroy sempre tão ranzinza e "reclamão", Reginald que ajuda Christine com suas pesquisas...

Confesso que fiquei desapontada com o final do livro, porém, a qualidade da história no geral compensou o final sem graça. Super recomendo a leitura para quem gosta de obras sobre assassinos e suspenses.