1 de outubro de 2015

Conversando com o Autor - Giordano Mochel


E aí, pessoal?

O autor desta semana, o advogado Giordano Mochel Netto, conseguiu duas façanhas: publicar um livro no Brasil, e conseguir esse feito com uma ficção-científica. O gênero não é dos mais apreciados pela maioria dos leitores, sem um motivo realmente válido para isso, uma vez que as histórias sempre são extremamente criativas, interessantes e cheias de aventuras.

O romance do autor, Condão, não só foi resenhado pelo The House of Stories, como também está sendo sorteado com alguns brindes, como cards e marcadores. Para participar, acesse o post da resenha clicando aqui!


Antes de começarmos com as perguntas, fale um pouco de você para os nossos leitores.

Sou um nerd transgressor. Apesar de viver o mundo nerd e participar da sua cultura, sempre tive hábitos aversos a introversão, saindo muito e frequentando ambiente absolutamente heterogêneos. Isso pode ser devido a minha natureza inquieta... Só para ter uma ideia, depois de me formar em Ciência da Computação, fiz especializações em mobilidade urbana, transporte público e contabilidade pública. Ainda arrumei tempo para fazer direito e hoje também advogo. Por incrível que pareça ainda atuo em todas essas áreas. Só Deus pra saber onde arrumei tempo para escrever esse livro.



1. Quando descobriu que queria escrever? De onde surgiu a ideia de um Livro?
Eu escrevo desde criança, mas quando jovem não pus pra frente essa paixão. Muito estudo e a exigência do meio de informática de trabalhar cedo me deixaram bem distante disso. Ainda assim escrevo artigos quase sempre. O livro saiu mais de uma sequência de ideias acumuladas durante os anos. A realidade distópica mostrada na história surgiu exatamente desse conjunto adquirido de vivências . Procurei enaltecer a política mas sem poupar nenhuma corrente ideológica e sim expor as falhas de todas, quase igualmente, assim como ressaltar as pouquíssimas virtudes.

2. Qual a sensação de escrever?
A sensação é indescritível. Creio que todos tem essa capacidade inerente de escrever, basta que mergulhem no mundo imaginário e consigam transportá-lo para as letras. É maravilhoso quando você vive um personagem totalmente diferente de você e quando relê o que foi escrito, não consegue imaginar como aquilo saiu. Uma outra personalidade.

3. Quanto tempo demorou a escrever seu primeiro Livro?
Pode parecer impressionante escrever um livro de 400 páginas em dois meses, mas não foi bem assim. Na verdade tudo já estava pré moldado na minha mente, bastou transpor as ideias. Ainda assim foi uma maratona meio insana. Em vários dias, mais da metade deles, dormi menos de 3 horas e em alguns fins de semana escrevi cerca de 18 horas. Não aconselho isso a ninguém. Pelo menos aos que não queiram passar umas semanas se recuperando.

4. Tem algum Ritual para escrever? Qual?
Nenhum especialmente. O meu nível de imersão é tanto que escrevi o livro em casa, sem mudar a rotina de ninguém. Para se ter uma ideia, minha filha de 6 anos sempre costuma pular em cima de mim sem a menor cerimônia e não deixou de fazer isso, mesmo que eu parecesse meio catatônico. O problema é que quanto mais absorto eu estava, mais ela queria chamar atenção.Só me deixou mais tranquilo quando passou a escrever os próprios livros. Várias e várias páginas de desenhos que eu fingia revisar e dar notas dez. Rs.

5. Por que decidiu escrever o gênero ficção-científica?
Algumas razões. A primeira porque sou fá incondicional de A. C. Clarke e Asimov. Tem outros autores menos conhecidos tão bons quanto, como Poul Anderson que também venero. Mas não foi só isso. Se nós pensarmos bem, várias ficções científicas são distópicas. Respeito a literatura Cyber Prep, como Star Trek por exemplo, mas o futuro sombrio alternativo me cativa. Não é à toa que considero 1984 um dos dois melhores livros já escritos. Admirável Mundo Novo é outro livro bem reflexivo. Foram fortes fontes de inspiração, juntamente com todos os autores que citei antes. Mas como eu disse, sou eclético. O outro melhor livro já escrito é Cem Anos de Solidão. Não há como por 1984 na frente de CAS ou vice-versa. É impossível. Garcia Marques, a seu modo, também influenciou Condão.

6. Em questão da publicação de seu primeiro livro: O que foi mais difícil desde a obra pronta até seu Lançamento?
Não tive esse problema porque estava com uma ideia fixa de publicá-lo. Em 2014 trabalhei em um projeto que me deu um excedente financeiro, portanto já estava disposto a gastar. Não queria passar 6 meses tentando convencer uma editora para publicar de graça, mesmo porque todos sabemos que não é bem assim. Mandei 5 originais para 5 editoras e todos foram aprovados, cada um com um valor. Mesmo sendo a mais cara, escolhi a Novo Século. Gostei da abrangência nacional e de alguns itens no contrato. Acho que foi uma questão de oportunidade e escolha. Não me arrependo.

7. Ainda hoje, encontra dificuldade em publicar seus livros?
É o primeiro. Não posso garantir os próximos.

8. O que acha dos escritores atuais? E os mais antigos?
Acho que tem uma geração nova explodindo, principalmente no Brasil. Tenho visto muita coisa boa surgir. Obras de qualidade, cativantes e interessantes. Seria antiético citar alguns, pois estaria relevando outros. Então deixo li

9. Como cria seus personagens? São inspirados em pessoas reais ou em fatos?
É uma coisa difícil de explicar. Tem personagens que surgem durante a história e alguns que já existiam muito tempo atrás. Um amigo psicólogo diz que cada personagem é um pedaço de seu ego, de sua psique. Eu tenho tendência a acreditar nele.

10. Das suas obras, qual seu personagem favorito? Por quê?
Apesar de Ed ser um herói carismático, com sua teimosia, Sívia ter aquela coragem meiga e Jânio ser um atrapalhado cativante, o livro é realmente sobre Jeremias. Sobre o tormento que levou aquela mente a criar tudo aquilo. É meu personagem favorito, mas falar mais é spoiler.

11. Quais são seus livros, autores e personagens favoritos? Eles te influenciaram de alguma forma na sua vida como escritor (a)?
Orwel, Huxley, Asimov, Garcia Marques, Rubem Foseca, são muitos autores. E ainda tem George. R. R. Martin... O estilo literário dele é espantoso. Não duvido que algumas coisas minhas tenham saído dele, pois li todos os 5 livros de Crônicas de Gelo e Fogo em menos de 30 dias, poucos meses antes de escrever Condão. Acho Martin tão viciante quanto Tolkien. Não ia citar nenhum personagem para não parecer injusto, mas desses dois últimos eu posso: Legolas em Senhor dos Anéis e Tyrion em CGF. Os antigos eu preservo.

12. O que mais lhe chama a atenção em suas obras?
A discussão política e filosófica sempre presente. Para mim não adianta escrever um livro que não gere reflexões e até mesmo embates. A dialética tem que prevalecer. Sempre.

13. Qual Livro recomendaria aos seus Leitores?
Leitura obrigatória para qualquer um: Cem Anos de Solidão, 1984, Admirável mundo Novo, Bufo e Spallanzani, O Poderoso Chefão. Leitura obrigatória para fãs de ScyFy: Fundação (completa), Encontro com Rama, Anticrepúsculo.



Bom , para finalizarmos, deixe uma mensagem para os seus leitores?


Em relação ao livro: Condão não é uma distopia teen ao estilo Jogos Vorazes, com mais apelo emocional que científico. É uma leitura que busca reflexão e contexto. Ainda assim, pode ser lida exatamente como Jogos Vorazes, se for o desejo, mitigando-se as explicações contidas no início, já que um dos pontos fortes do livro é a aventura, as tramas e situações em que os heróis se encontram e como sair delas.Portanto, ingresse nessa aventura e boa sorte. Você vai precisar dela no futuro.





Bom demais!

Para entrar em contato e conhecer um pouco mais da obra, podem acessar o site do livro:

https://condaolivro.wordpress.com/

ou a fã page no Facebook:

https://www.facebook.com/Cond%C3%A3o-1500997160179518/timeline/?ref=ts

Até semana que vem com um novo autor(a) nacional!

Um comentário :

  1. Que entrevista legal xD
    Quando eu era mais nova também adorava escrever fosse o que fosse, podia até ser datando, adorava a sensação sabe, agora escrevo para o blog o que é muito legal, mas escrever um LIVRO é uma coisa assim... sem fronteiras haha
    Quero muito mesmo ler Admirável mundo novo *-*
    beijos
    Ganurb

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