10 de dezembro de 2016

Resenha - Garoto encontra garoto

Título: Garoto encontra garoto
Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Nº de páginas: 240


Quando um primeiro encontro dá certo, é assim: Você sente a emoção de abrir a primeira página de um livro. E sabe, instintivamente, que vai ser um livro bem longo. Paul encontrou o amor de sua vida. E depois estragou suas chances da forma mais catastrófica possível. Agora, com a ajuda de uma líder de torcida transexual, de seu melhor amigo gay enrustido e de seu ex-namorado obsessivo, ele se lança na impossível missão de reconquistar seu amado de uma vez por todas. 



Oi, gente! Hoje trago a resenha de mais um livro de David Levithan: "Garoto encontra garoto". Ao ler essa obra, lembrei de "Dois garotos se beijando" (que também foi escrito por Levithan e tem resenha aqui no blog: aqui ), pois ambas abordam o mundo LGBT, mostrando a vida e as dificuldades que cada personagem enfrenta. Acho super bacana essa proposta do autor em introduzir o leitor no universo de seus personagens para nos mostrar como as coisas são de verdade para gays, lésbicas, trans... para nos fazer entender melhor a realidade.

Algo bastante peculiar desse livro foi o ambiente criado pelo autor: uma cidade pequena na qual as pessoas LGBT's são aceitas tranquilamente. Nessa comédia romântica, conhecemos Paul, nosso narrador gay, que estuda em uma escola nada tradicional: líderes de torcida se apresentam com motos Harley, a rainha do baile é uma drag-queen e também quarterback do time de futebol... Nessa escola existe uma aliança entre gays e héteros, criada para que os gays ensinassem os héteros a dançar, e que permitiu que os LGBT's tivessem mais liberdade em suas vidas. 


"Afinal, eu tinha 5 anos. Simplesmente supus que garotos se sentiam atraídos por outros garotos. Por que outro motivo passariam todo o tempo juntos, jogando em times e rindo das garotas?"


Paul sabe que é homossexual desde que era uma criança e sempre foi muito bem aceito por sua família, então, desde o início se mostra bastante desinibido e (aparentemente) muito seguro de si. Ele tem uma amiga hétero que vive terminando e voltando com o namorado, uma amiga drag-queen bastante espalhafatosa que é também a melhor quarterback do time de futebol, um amigo que é gay e não consegue se assumir devido aos pais serem muito religiosos e um ex-namorado que não sabe o que quer. Inicialmente, achamos que Paul é o único naquele meio que sabe o que quer e vive feliz, sempre ajudando os amigos que precisam (sendo altruísta às vezes), porém, na medida que a leitura avança, conhecemos seus medos e vemos que nem tudo é simples para ele como todos pensam.


"Eu me pergunto se é possível começar um novo relacionamento sem magoar alguém. Eu me pergunto se é possível ter felicidade sem ser à custa de outra pessoa."


Paul conhece Noah numa livraria acidentalmente e eles descobrem que estudam na mesma escola. Na medida em que se conhecem, começam a gostar um do outro e, a forma como se envolvem, deixa o leitor encantado com o casal e torcendo muito para ficarem juntos. Porém, Paul acaba cometendo um grande erro que põe fim no seu relacionamento com Noah. Ambos ficam extremamente magoados e inseguros, ainda mais quando consideram seus namoros passados... Mas Paul não desiste de seu amor por Noah, ele percebe que precisa acreditar nos seus sentimentos e fazer de tudo para reconquistar seu amado e trazê-lo de volta para sua vida. O leitor então acompanha uma série de provas de amor feitas entre um casal gay extremamente fofo. Algo muito interessante é que, apesar dos próprios problemas que precisa enfrentar, Paul muitas vezes coloca seus amigos em primeiro lugar e os ajuda, independente do que precisam e, isso é raro de encontrar hoje em dia.


"Como eu poderia explicar que meu coração foi feito para ele? É essa a sensação, de que é para ele que meu coração foi feito."


Os personagens foram muito bem construídos, cada um com uma história e uma personalidade diferente. Eles me cativaram muito, principalmente Paul, com seu jeito livre, solícito e amigo fiel (mesmo quando alguns viraram as costas para ele). Infinite Darlene é outra personagem apaixonante: forte, determinada, muito divertida, alegre, amiga (apesar de ser barraqueira ahahahahah) e encantadora. 


"Se obrigada a escolher, ela preferiria as amizades aos encontros. Mas ninguém nunca a obrigara a fazer nada. Quando ela se tornou Infinite Darlene, jurou que sua vida era só dela e de mais ninguém."


O autor cria nesse livro um ambiente típico de adolescentes: muitas intrigas, romances, amizades problemáticas, pessoas tentando se encontrar e descobrir quem são... Além disso, temos personagens que lutam para derrubar preconceitos, enfrentando famílias conservadoras e todas as barreiras necessárias, mostrando que juntos eles conseguem vencer a homofobia. Essa união é muito tocante, pois vemos amigos tentando ajudar uns aos outros independente das circunstâncias.


"O mundo ama rótulos idiotas. Eu queria que nós pudéssemos escolher os nossos."


Apesar de ter achado a obra muito monótona em alguns momentos, ela é leve, divertida pra caramba, emocionante, com romances bonitos e cheios de aprendizado e amigos fiéis que lutam juntos. É um livro que põe o leitor para refletir muito sobre relacionamentos, amizades, família, preconceitos sociais... Espero que gostem da leitura e captem todas as mensagens passadas através dela. 



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