26 de dezembro de 2015

Resenha - Crimes do Tarô





Titulo: Crimes do Tarô
Autor: Leonardo Nóbrega
Editora: Premius Editora
Nº de paginas: 336

''A livraria estava deserta àquela hora da manhã. Tinha um clima tranquilo, era um espaço onde cheiros, luzes e sombras, objetos e móveis antigos em madeira escura harmonizavam-se. Era possível reconhecer ali a presença de culturas milenares e a sapiência de povos ancestrais. Mesmo pessoas céticas, como inspetor Tomás, podiam sentir a energia esotérica que inundava aquela pequena sala em uma estreita galeria do Bairro Cigano. A presença de Tomás naquela loja demonstrava a certeza que ele agora tinha de que mais cartas de tarô surgiriam para decifrar. Tinha esperança de que não fossem muitas.''

Com um estilo Sherlock Holmes, somos apresentados ao meticuloso investigador Tomás. Até então ele trabalhava com casos criminais de fácil solução. Mas tudo muda em uma noite  quando o Banco Efetivo é assaltado. Além do dinheiro levado, um corpo ceifado é deixado para trás e cartas de tarô são encontradas em um dos cofres. Um guarda que fazia a ronda pelas ruas jura de pés juntos que o malfeitor é, na verdade, uma mulher. Uma linda mulher de olhos verdes e cabelos loiros. A princípio Tomás segue apenas aquela linha de investigação, porém novos roubos acontecem com outros empresário e mais cartas surgem, junto com pessoas que fazem segredos cruéis serem desfiados. Numa trama em que nada é o que parece.

A escrita é muito inteligente. Ela nos faz desejar ter o mesmo dom em escrever do autor. Os capítulos são bem rápidos, três, quatro páginas no máximo. Quando menos se espera um capítulo já se foi.

O enredo focou bastante em comunidades miseráveis e como esse povo estão sujeitos a caírem no mundo criminoso. Principalmente as crianças que têm de crescer tão cedo, pois sustentam a família, já que os pais os abandonaram ou estão viciados em algum tipo de entorpecente. E ainda tem que aprender a se defenderem de pessoas com ambição, que apenas almejam conseguir sucesso por meio das mentes fracas. A desigualdade social é gritante.

“Os dramas que enfrentamos marcam nossas vidas, mudam nossas trajetórias, são cruéis e perenes {...} As lembranças ruins nos acompanham muito proximamente esperando para invadir nossa mente a qualquer descuido e nos fazer reviver cada dor sentida, cada ferida mal curada com a mesma intensidade de quando a chaga surgiu.

Pode-se acompanhar também como um policial sofre com a pressão psicológica ao seu redor para o esclarecimento imediato de um crime. Cobranças são constantes tanto no trabalho, quanto das autoridades ligadas ao governo.

Personagens exóticos e intrigantes não faltam nesse livro. Chega num momento da história em que você não sabe mais em quem deve confiar. Sente como se estivesse de mãos atadas. Só quer que tudo acabe logo para ver todas as máscaras caírem. Nas últimas oitenta páginas não conseguia mais soltar o livro e, quando o soltava, ficava tentando decifrar o que estaria por vir.

Gostei bastante de como foi conduzido o núcleo da comunidade cigana. Conheci mais seus valores e tradições e em como eles são perseguidos e criticados pelo seu jeito de levar a vida. Eles tiveram uma participação importante em boa parte das revelações.

Enfim, se eu ficar descrevendo todos os assunto que essa história aborda, vou ficar até amanhã escrevendo. O final não foi nada, NADA do que eu esperava e duvido que algum leitor suspeitasse do fim que ele teria. Você tinha certeza que ia acabar ali mesmo, só que mais coisas vinham à tona. Esta é uma obra que irá fácil, fácil mexer com a imaginação até mesmo de alguém que não é fã do gênero.


2 comentários :

  1. Obrigado pelo presente de Natal. Até eu fiquei com vontade de ler o Crimes do Tarô rerererere

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    1. Rou, rou, rou :D
      Aaaah, obrigada *-----* Parabéns pelo seu livro e tudo de melhor em 2016!!!

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