22 de setembro de 2015

Resenha - O que me disseram as flores


Título: O que me disseram as flores
Autora: Alane Brito
Editora: Novo Século
Páginas: 290

Presa a uma promessa feita por seu pai, Ângela decide desafiá-lo a aceitar que não é vontade dela se casar com alguém que conhecia apenas através de cartas. Deixando-se levar por uma mentira, William viaja até a prometida, acreditando encontrar uma moça tão apaixonada quanto ele. Entretanto, depara-se com a força da raiva de alguém com quem sonhava passar o resto de sua vida. Por conta do grande amor que aprendeu a nutrir por ela, decide, então, lutar para conquistá-la. Usando a linguagem das flores para se declarar e, cada dia, se revestindo de uma força descomunal para suportar as palavras afiadas e suas duras atitudes, ele tenta encontrar uma maneira de fazer com que o ódio, que ela tanto demonstra sentir, se transforme em algo bom, mas para isso ele mesmo precisa continuar acreditando que é possível... Um grande amor é realmente capaz de suportar tudo? Conheça a emocionante história de duas pessoas numa mesma batalha, mas que lutam por desfechos diferentes. E que vença o mais obstinado.

Hoje, promessas de casamento entre filhos de famílias diferentes, para confirmar a amizade ou para selar negócios, não possuem o mesmo peso que há cem anos atrás. E, mesmo nessa época, elas quase sempre causavam a tristeza do casal diante da incompatibilidade sentimental. Não é diferente entre Ângela e William. Prometidos em casamento pelos pais, Santiago e Afonso, o casal entre em conflito já nas primeiras páginas da obra de Alane Brito.

Ângela é apaixonada por Felipe, e mais tarde por Leonardo, e se recusa a casa com William. Mas este, é apaixonado por Ângela, devido à troca de cartas quando adolescentes e após. Mas o que William desconhece, é que quem respondia as cartas era Santiago, com medo do desafeto do jovem por descobrir que Ângela o renegava. Na verdade, não existe um real motivo para a antipatia da Ângela por William. A sensação que passa, é que ela recusa o interesse afetivo apenas por birra, para manter sua vontade de escolher quem deseja para esposo.

Entretanto, William é perseverante e insiste na conquista da moça. Mesmo tendo que suportar humilhações e respostas da língua afiada de Ângela. Ela, para desmotivá-lo, promete se casar caso ele consiga cultivar um jardim estéril com flores. Ele, obviamente, parte para a tarefa julgada impossível por Ângela.

"Ângela arregalou os olhos, levando as mãos à boca, vendo-o despencar. Quando, enfim, chegou ao chão, ela aguardou que se levantasse. No entando, ele não se movia. Chegou a descer um pouco para verificar seu estado à distância, mas acabou dando meia volta e correu, se trancando no quarto."

O que me disseram as flores, aproveita o velho ditado das paixões trocadas. Lilian ama William, que ama Ângela, que ama Felipe. Quando Felipe descobre da promessa feita pelas pais dos jovens, ele desiste do amor de Ângela e se conforma. Ela, ao invés de tentar gostar de William, começa a usar Leonardo como interesse romântico. E aí, entra outra dura lição da vida.

Às vezes, amamos uma pessoa que se recusa a aceitar o sentimento. Por mais que façamos, não recebemos em troca aquilo que oferecemos. O que nos resta é prosseguir nas tentativas, com a vã esperança de conseguir moldar o coração da pessoa amada, mas nem sempre conseguimos, e o que recebemos em troca é apenas a indiferença ou a compreensão, o que machuca da mesma forma. Também às vezes, a pessoa amada não merece o amor oferecido, e, nesses casos, não há esperança para a conquista. O melhor que se faz, é retomar o caminho para longe desse sentimento.

"Sem dizer nada, ele deu-lhe as costas e saiu portão afora. Ângela ficou parada no mesmo lugar, consternada. Só quando percebeu as suas roupas se encharcarem por causa da chuva foi que tomou a iniciativa de entrar em sua casa. Correu para o quarto e arrancou o vestido, se encolhendo dentro da banheira vazia e chorando amargamente."

Cabe ao leitor descobrir, nas páginas do livro, a qual dos dois casos Ângela pertence, e se William conseguirá o que tanto almeja. Além dessa lição, existe uma outra, mais dramática de se aprender. Não se deve brincar com os sentimentos de uma pessoa. Eles são o que possuímos de mais pessoal e bonito. Mas, se golpeados com promessas que se tornam vazias diante da realidade, esses sentimentos podem se transformar em algo odioso e doentio. E o resultado dessa transformação, pode ser definitivo para o destino das pessoas envolvidas.

Por fim, existe a mais dura lição: mesmo quando conseguimos compreender o que sentimos, quando, finalmente, enxergamos o quanto a pessoa que nos ama faz falta em nossa vida, quando deixamos o sentimento por essa pessoa sair do fundo do coração e aceitamos o que não queríamos enxergar, e podemos finalmente ficar lado a lado, pode ser tarde demais. A vida é breve para todos e não se deve desperdiçar nenhum momento, nenhum sentimento, nenhuma ligação, por capricho, orgulho ou qualquer sentimento negativo.

Assim, O que me disseram as flores entrega uma história cheia de lições sobre escolhas difíceis, que não podem ser desfeitas e que entregam o destino de quem abusa da individualidade de forma triste e definitiva.


Um comentário :

  1. Oie, adorei sua resenha. Achei bem interessante, a capa é bem fofa *-*
    Irei investigar mais sobre o livro, pois é bom saber que temos autores nacionais bons por ai.
    Beijos
    http://dicasdaisacereser.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir