Autor: Marina de Carvalho
Editora: Novas Páginas
Páginas: 334
Desde pequena, Rafaela sabe que seu destino está na redação de um grande jornal. Na faculdade de jornalismo, os professores a consideram uma aluna exemplar. Em suas poucas horas de sossego, Rafa mantém um diário onde escreve sobre um menino que ela viu quando criança, em uma praia do Espírito Santo... Uma imagem que nunca saiu de sua memória. Agora a sorte parece estar ao seu lado: estagiando na Folha de Minas, o maior jornal do Estado, Rafaela pensa ter conseguido finalmente a chance de brilhar como repórter investigativa... Mas ela não imaginava que encontraria pela frente o sujeito mais insuportável da face da Terra. Bernardo, competitivo e arrogante, não está nem um pouco disposto a dar espaço para o talento da novata. Começa, então, a perigosa e cômica disputa entre dois profissionais muito diferentes em busca do furo jornalístico do ano. Quais surpresas esperam por essa dupla na próxima reportagem?
Quando comecei a ler Azul da Cor do Mar tive receio do final ser previsível.
Afinal, o ponto central da trama não são as aventuras jornalísticas de Rafaela,
mas descobrir em que ponto e como o menino que ela viu na praia iria invadir
sua vida. Tendo isso em mente, e mais por causa da sinopse, estava evidente
para mim quem seria. Por isso, fiquei contente quando, logo no início do livro,
entra o personagem Marcelo, cujos olhos azuis são iguais aos de Bernardo e aos
do menino da praia. Ou seja, existe uma dúvida sobre qual deles será.
A narrativa em primeira pessoa de Rafaela é hilária em certos pontos.
Isso ajuda muito a evoluir a leitura, uma vez que pouca coisa realmente
acontece. A cada capítulo, acompanhamos Rafaela e Bernardo em alguma
reportagem, que nem sempre é concluída naquele ponto, mas é retomada em outro
capítulo mais à frente. Isso é interessante e evita o cansaço. Entretanto,
essas mesmas reportagens são pouco inspiradas, desinteressantes e a do morro da
favela é completamente fora da realidade. De qualquer forma, isso não afeta em
nada o prazer da leitura.
A linguagem comum e as piadas provocadas pelo destempero de Rafaela e
da grosseria de Bernardo, junto com uma narrativa sem praticamente qualquer
descrição de lugar e ação, mas recheada de diálogos, faz a leitura fluir
rapidamente, mas deixa a sensação de perda de espaço, de confusão. Muitas vezes
não conseguia identificar onde os personagens estavam na cena e nem como
exatamente eles estavam interagindo com o ambiente. É uma característica da
autora, e muitos leitores gostam. Outros, como eu, preferem um pouco mais de
visualização com base em uma descrição elaborada.
Mas, para mim, o grande problema do livro é sua conclusão. No início
deste texto, comentei que a presença de dois personagens, que poderiam ser o
menino da praia, causava dúvida e interesse para chegar ao fim da história.
Acontece que no meio do livro, a autora descarta completamente um deles. Assim,
acabou a surpresa. Fica evidente quem é. E confirmamos isso nas últimas
páginas.
Outro ponto, é que ocorre uma situação em uma favela de Belo Horizonte,
causada por Rafaela em uma das decisões mais insensatas que já li. Tanto, que
nem soa crível. E a solução dessa situação é confusa, exatamente por não haver
trechos descritivos da ação.
Por fim, quando Rafaela finalmente descobre quem é o menino da praia,
cria uma briga sem noção, só para causar um rompimento, que seria refeito logo
a seguir. Uma decisão desnecessária, uma vez que o leitor está à espera do
encontro dos dois desde o início do livro.
Azul da Cor do Mar é despretensioso, com alguns problemas, mas cuja
leitura pode ser feita rapidamente, e até ser apreciada na maioria dos
momentos. Pelo menos, as brigas entre Rafaela e Bernardo são divertidas!
Por: Carlos H. Barros
0 Comments:
Postar um comentário