4 de junho de 2017

Resenha - Mais do que isso




Título: Mais do que isso
Autor: Patrick Ness
Editora: Novo Conceito
Nº de paginas: 432


Um garoto se afoga, desesperado e sozinho em seus momentos finais. E morre. Então ele acorda. Nu, ferido e com muita sede, mas vivo. Como pode ser? Que lugar é este, tão estranho e deserto? Enquanto se esforça para compreender a lógica de seu pior pesadelo, o garoto ousa ter esperança. Poderia isto não ser o fim? Poderia haver mais desta vida, ou quem sabe da outra vida?


Mais do que isso conta a história de Seth, um menino que morre afogado. E, então, ele acorda nu, ferido e com muita sede. O lugar onde ele está é muito diferente de quando ele morreu. O que será que está acontecendo? A premissa desse livro é bem pequena, mas - vamos combinar - muito interessante.

"O impacto é bem atrás de sua orelha esquerda. Fratura o crânio, rachando-o ao meio até o cérebro, a força do impacto também esmagando a terceira e quarta vértebras, danificando a artéria cerebral e a coluna vertebral, um ferimento sem volta, sem recuperação. Sem chance. Ele morre."

Sempre ouvi falar dos livros desse autor, mas nunca tinha lido nada dele. Apesar dessa sinopse curiosa, confesso não consegui me conectar muito bem com a história. Mas falaremos disso depois.

Somos levados por uma narração em terceira pessoa em duas linhas temporais: o presente e o passado de Seth. Essa visão de espectador, mesmo possibilitando um melhor entendimento, não é de grande ajuda diante dos diversos questionamentos apontados desde o início do livro. O leitor, assim como o protagonista, fica perdido dentro desse universo desconhecido.

Trazendo uma crítica forte acerca dos poderes destrutivos de uma sociedade, Patrick Ness consegue narrar essa história com fluidez e destreza. A desenvoltura presente em sua forma de escrita consegue manter o leitor em uma contínua reflexão sobre seus próprios atos, nos entregando uma história complexa e interligada nos seus mínimos detalhes. Entretanto, o que realmente é capaz de prender o leitor é a habilidade do autor de brincar com a nossa curiosidade. Os questionamentos abertos - e só fechados beeeem no final da trama - são o que mantém a vontade de devorar cada página.

“Talvez comparado a como mundo real estava indo, ele fosse o paraíso. Talvez tudo que quiséssemos fosse viver a vida real de novo, sem tudo desmoronar o tempo todo.”

O universo pós-apocalíptico, mesclando suspense e ficção científica, apesar de ter me lembrado bastante o livro "Caixa de Pássaros", tem um quê de diferente das demais histórias. A criatividade de Patrick é inegável, assim como a sua capacidade de mexer com a nossa mente, nos fazendo duvidar do que é real ou não. A única coisa que eu acho que pode incomodar algumas pessoas é que o autor não coloca sua visão na história, deixando o leitor tirar suas próprias conclusões. Eu gosto bastante desse tipo de leitura, mas sei que muita gente pode não curtir muito.

Lembram que eu disse que não consegui me conectar com a história? Pois bem...
Por mais que eu tenha gostado da leitura, eu senti que em diversos momentos existia uma conexão, que de repente, era quebrada. E, páginas depois, restabelecida. Não sei se isso foi intencional, mas me incomodou um pouco porque cade vez que isso acontecia, eu tinha mais dificuldade em me conectar com a história. Além disso, alguns questionamentos não precisavam ser levados até o final da história, mas entendo que essa deve ser a forma do autor de nos manter presos à história.

Enfim... Mais do que isso é uma distopia muito boa, com uma escrita ainda melhor. Patrick Ness sabe como orquestrar sua história, e faz com maestria.

Se você gosta de coisas assim, acredito que vai adorar esse livro.

"Você nunca sentiu que deve haver mais? Como se houvesse mais em algum lugar distante, pouco além do alcance, se ao menos você pudesse chegar lá?"

6 comentários :

  1. Oi.

    Eu reconheço o nome do autor, mas não me lembro qual outro livro ele escreveu agora. Enfim... parece ser bem interessante a premissa do livro, fiquei com um pouco de vontade de conferir a obra depois. Vou anotar o nome e procurar depois.

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  2. Oii Helena!
    Não conhecia o autor, e confesso que não gosto de ler livros que eu tenha que tirar minhas próprias conclusões. Isso é algo que me incomoda bastante, eu prefiro ler histórias que tenham esclarecimentos, que eu consiga entender o que o autor quis dizer kkkk. Se não fosse isso, eu leria com certeza, gosto de universos pós-apocalípticos e de ficção cientifica.
    Beijos

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  3. Oi Helena, sua linda, tudo bem?
    Já tinha ouvido alguns comentários sobre esse livro, de que o final fica em aberto como em a caixa dos pássaros que você citou. Que pena que você não conseguiu se conectar com a história, fica realmente difícil se envolver com a leitura assim. Pelo enredo tinha tudo para me agradar. Gostei muito da sinceridade da resenha.
    beijinhos.
    cila.

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  4. OOi!
    Amo distopias, aliás, é um dos gêneros que mais amo. Porém, fiquei com um pé atras com esse. Alguns dos pontos que ressaltou me desanimara. Mas olha... hahaha Ainda assim, acho que daria uma chance. Quem sabé, né....

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  5. Oi Helana, tudo bem?

    Não conhecia a obra, mas já fiquei bem curiosa, pois sou fissurada por distopias. Amo o gênero com todas as minhas forças e sempre sou surpreendida. A sinopse do livro realmente consegue despertar a curiosidade do leitor e nos dar uma ideia de que o livro tem muito suspense, assim espero. Já quero ler, pois parece muito o estilo de obra que amo ler!

    Beijos!

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  6. O livro me ganhou quando você disse que tem uma critica forte e bem construída. Amo livros assim, e ter sido bem escrito é um enorme plus. Com certeza leria o livro. Obrigada por me apresentar a história.

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