9 de agosto de 2016

Resenha - O Filho de Mil Homens


Titulo: O filho de mil homens

Autor: Valter Hugo Mãe
Editora: Cosac Naify
Nº de paginas: 256

O filho de mil homens narra a história do pescador Crisóstomo, “um homem que chegou aos quarenta anos e assumiu a tristeza de não ter tido um filho”. Com vontade imensa de ser pai, o protagonista conhece o órfão Camilo, que um dia aparece em sua traineira. Ao redor dos dois, outros personagens testemunham a invenção e construção de uma família em vinte capítulos, escritos com rara delicadeza. Mãe, ao falar de uma aldeia rural e dos sonhos anulados de quem vive nela, atravessa temas como solidão, preconceitos, vontades reprimidas, amor e compaixão.


Primeiramente gostaria de agradecer a querida Lilyan de Souza que me apresentou essa maravilhosa obra durante uma oficina de leitura ministrada pela mesma.
O efeito foi imediato!
Aquele primeiro capítulo não era o suficiente, eu precisava ler mais daquele autor, até então desconhecido. Foram palavras que tocaram profundamente minha alma e coração.
Quanta beleza, quanta doçura... quanta inspiração que esse homem tem... MEU DEUS!!!!
O livro é constituído por várias histórias, de diversos personagens, que aos poucos vão se interligando das formas mais inesperadas e encantadoras possíveis.
A obra se inicia com a história de um humilde pescador de 40 anos, Crisóstomo, que “assumiu a tristeza de não ter um filho”.
Chegou a comprar um grande boneco de pano e procurava pensar que poderia ser como um filho de verdade. Fantasiava longas conversas e sempre começava as frases dizendo: sabes, meu filho.
Era o que mais queria dizer, como se a partir da pronúncia das palavras pudesse criar alguém.
E isso tudo faz parte apenas da primeira página, sente só a pressão, rsrsrsrsrsrs, fui completamente fisgada por esse pescador de coração inteligente.

“Via-se metade ao espelho porque se via sem mais ninguém, carregado de ausências e de silêncios como os precipícios ou poços fundos. Para dentro do homem era um sem fim, e pouco ou nada do que continha lhe servia de felicidade. Para dentro do homem o homem caía.”

E é isso que acontece com o leitor, a gente começa a nos avaliar interiormente e questionar a respeito das nossas próprias crenças, ideais e nosso próprio comportamento diante das hipocrisias, preconceitos e injustiças que nos cercam diariamente.
Ao longo do livro levamos alguns “tapas na cara”, por exemplo na história da infeliz e solitária anã, que merecia a piedade constante de todos ao seu redor devido sua condição física desprivilegiada e as intermináveis dores.
As pessoas sempre muito prestativas e com muita pena da anã, enchiam-na de presentes, como batatas e animais de comer. Tentavam convencê-la de que tinham problemas iguais ou até piores do que os dela, afinal não queriam que a anã se entristecesse mais do que pudesse aguentar.
Até que um dia, a anã revelou as “amigas” que apesar de tudo, ainda esperava um cavalheiro com grande coração. Todos que ouviram ficaram per-ple-xos! Imaginem só, um homem por si só, já era coisa grande demais para ela. Um homem com algo grande, mesmo que fosse apenas o coração, já soava como uma monstruosidade. .

“Se um homem, por mais cavalheiro que fosse, a tomasse, a anã ia desfazer-se em bocados mortos, morta toda ela também. Seria uma dispersão de bocados mortos pela sua casa de brincar, como uma tragédia que desse às crianças. Ia parecer uma criança desfeita por perversão de um monstro qualquer. Que ridícula soava a ideia de uma triste anã querer amar se o amor era um sentimento raro já para as pessoas normais. Para as pessoas.”

Pesado né???!!!
Situação absurdamente cruel que está longe de ser simples ficção. A inveja, a maldade e a amargura estão soltas por aí, afetando todos nós... de onde vem tanto orgulho, ignorância e insensibilidade??? Devido trechos tão tocantes como esse, virei a louca do post-it, marcando praticamente o livro inteiro, kkkkkkkk, que delícia de narrativa!
Trata-se de uma história de salvação... onde cada personagem, com seus valores e experiências próprias, ao mesmo tempo que salvam alguém também salvam a si mesmos.
É uma rede de gentilezas, iniciada pelo pescador Crisóstomo, que gera pequenos GRANDES MILAGRES que acaba por transformar o mundo.
Posso dizer que esse é um dos livros da minha vida, com certeza um dos melhores que já li.
Nada que eu disser vai ser suficiente para expressar as sensações que esse livro me causou, então só peço uma coisa... leiam esse livro... o mundo precisa ser contagiado com essa inexplicável simplicidade e ternura.

Beijos literários

22 comentários :

  1. Adorei a resenha, o livro parece ser realmente muito interessante, gosto muito de livros que nos fazem refletir e pensar sobre a realidade que nos rodei, este parece ser um deles, com certeza estará na minha lista de leitura ;)

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    1. Ahhhhh acho que você vai gostar muito desse Edi, devido sua área de estudo e sua sensibilidade, é surpreendente!
      Bjokas

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  2. Nossa adorei a resenha! O livro nos leva a pensar sobre a vida, as pequenas coisas que nos acontecem diariamente. Parabéns Pri pela ótima resenha! Bjs

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    1. Obrigada Edi! Tá aí outra obra que você ia gostar... e do jeito que você lê rápido iria devorar em um dia só ;)
      Bjosssss

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  3. ahh esse livro é maravilhoso demais
    Bem que vc disse que ia ler né :)
    Gostei do texto e concordo com tudo <3
    beijos

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    1. Sim sim viu só ;)
      Kkkkkk tomara que outras pessoas se contagiem com as nossas resenhas...bjokas flor!

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  4. Oie, que resenha linda, adore. O livro deve ser muito bom, gostei do tema que ele aborda, beijos

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    1. Oi Isa!
      Que bom que gostou... esse livro é muito especial... toca o fundo do nosso ser... bjos ;)

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  5. Oiii
    Não conhecia o livro, mas sua resenha mostra o seu entusiasmo para fazer as outras pessoas lerem que me deixou curiosa e com uma super vontade de ler este livro. Vou procurar para lê-lo. Parabéns pela resenha!

    Beijos
    http://www.sacudindoaspalavras.com.br/

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    1. Que delícia ler as suas palavras!
      Fico feliz em ter que te empolguei também!
      Quando você ler me diz o que achou... abraços!

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  6. Olá! Bem legal a premissa do livro. Acho legal quando o autor faz essa estratégia com o leitor, de falar verdades, de cutucar. me lembrou Memórias Póstumas de Brás Cubas. beijos!

    Entre Livros e Pergaminhos

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    1. Oi Su
      Também gosto muito dessa estratégia, muito inteligente e arrebatador!
      Bjos

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  7. Oi, Priscilla!!!
    Eu quero muito ler esse livro! Adoro literatura portuguesa e ouvi falar muito bem deste escritor. A tua resenha só confirma para mim que devo ler o quanto antes! hehehe...
    Coisa boa quando um livro atende as nossas expectativas enquanto leitores, né?
    Beijo.
    Ana Karina

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    1. Oi Ana!
      Que bom que gostou da resenha... fiquei muito feliz em saber disso!!!
      Esse livro realmente me conquistou e também vai conquistar você, com certeza... bjos!!!

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  8. Oie
    não é o tipo de livro que leria por agora mas tenho muita curiosidade, já ouvi falar muito bem do autor, adorei sua resenha

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  9. Obrigada Catharina... tomara que mais para frente você tenha a oportunidade de ler ;)
    Bjos

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  10. Olá!


    Eu gosto de livros assim reflexivos sabe? Eu gostei muito da história da Anã. De fato é o que realmente acontece muito no nosso cotidiano. É um tipo de livro que eu pretendo ler sem dúvidas. Adorei sua resenha!

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  11. Oi Kátia
    Que bom que gostou fico muito feliz em saber disso e espero que consiga ler, pois esse vale muito a pena!
    Bjokas

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  12. Olá Priscila, sua resenha está contagiante, tanto que fiquei bem curiosa para conhecer esse autor. Nunca tinha visto esse livro, adorei. Bjs

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    1. Que bom que gostou Dani!
      É um livro completamente contagiante e emocionante ;)

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  13. eu não conhecia o livro e por mais animada que seja sua resenha eu não leria, não me chamou atenção =/

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    1. Sem problemas Paac... isso que é maravilhoso no mundo da literatura... cada livro toca as pessoas de formas completamente diferentes. ;)

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