23 de janeiro de 2016

Resenha - Os 13 Porquês






Titulo: Os 13 Porquês
Autor: Jay Asher
Editora: Ática
Nº de paginas: 256

Ao voltar da escola, Clay Jensen encontra um misterioso pacote com várias fitas cassetes. Ele ouve as gravações e  se dá conta de que foram feitas por uma colega de classe. que cometeu suicídio duas semanas antes. Nas fitas, ela explica que 13 motivos a levaram à decisão de se matar. Clay é um deles. Agora ele precisa ouvir tudo até o fim para descobrir como contribuiu para esse trágico acontecimento.

Posso afirmar que não foi nada fácil conseguir este exemplar para compra. Em todos os sites que costumo acessar, ele está esgotado. Ou quando o encontrava, o preço era abusivo. Até que consegui um novo e por um valor excelente na Estante Virtual. E com toda certeza valeu a pena a minha insistência em adquiri-lo.

O que dizer deste livro? Não consigo nem reunir palavras do quanto ele mexeu comigo. Me interessei de primeira pela originalidade e também nos temas que são tratados nele. Os 13 Porquês nos traz a história da solitária Hannah Baker. Uma garota que estava no último ano do ensino médio e que em um certo dia não vai para a escola. Algum tempo depois é descoberto que ela tirou a própria vida. Todos ficam chocados, se perguntando por qual motivo uma adolescente linda, jovem, com toda uma vida pela frente escolheu esse fim.

Porém, para 13 pessoas Hannah irá responder essa questão. Algumas semanas antes de concluir o seu plano, ela gravou em fitas cassetes as explicações com lembranças dolorosas para quem ela diz ter ajudado e muito na decisão do seu suicídio. Depois de gravar tudo, ela envia para o primeiro da lista. Como Hannah explica, não é complicado: a pessoa escuta as fitas e depois tem que enviar para a que está no motivo seguinte. Se por acaso ela não repassar, as fitas virão a público. Talvez seja um blefe, entretanto quem irá pagar para ver?

Vamos acompanhando tudo quando as fitas chegam numa caixa de sapatos na caixa de Clay Jensen. Um garoto que estudava com Hannah e trabalhou com ela por um tempo no cinema da cidade. Ele sempre teve uma queda por ela, contudo nunca teve coragem de se declarar. A narração é alternada pela voz de Hannah nas gravações e das reações do Clay a tudo o que está sendo revelado. Ele simplesmente não entende a razão de estar na lista. Por isso a curiosidade do leitor se aguça para saber o que ele fez para estar envolvido naquilo.

“Como se estivesse dirigindo por uma estrada acidentada e perdendo o controle do volante, sendo jogada - só um pouquinho para fora da pista. As rodas levantam poeira, mas você consegue puxar o carro de volta. Mesmo assim, não importa que esteja segurando bem firme no volante, não importa o quanto esteja se esforçando para tentar guiar em linha reta, algo fica empurrando você para o lado. Você já não tem quase mais nenhum controle sobre nada. E, a certa altura, a luta se torna excessiva - cansativa demais - e você considera a possibilidade de largar tudo. De deixar acontecer uma tragédia... ou seja lá o que for.

O livro abriu a minha mente sobre como palavras ditas ou atos praticados podem ser cruéis. Talvez aos nossos olhos pareçam infantis, mas como assegurar que a pessoa que foi alvo de chacotas e comentários de mau gosto ficará bem? Como assegurar que ela não ficará remoendo aquilo dentro dela até perceber que não aguenta mais? Alguns acham exagero todo o cronograma que é feito pelas escolas contra o bullying. Dizem que os estudantes não podem levar a sério ''brincadeiras'' feitas pelos colegas. É simples afirmar isso quando não é com você. Quando não é com a sua vida.

Um fator fantástico é o mapa que tem por dentro da capa e as teclas de pause e play ao longo das páginas. Isso deu um toque criativo para a edição e ajudou no entendimento do que acontecia ao redor. Muitos já disseram isso e eu irei reafirmar: esse é o tipo de livro que deveria ter em todos os colégios.

Mesmo sendo uma leitura mais densa, a escrita genial de Asher me envolveu logo de primeira. Chegando ao final, meu choque por tudo o que havia absorvido foi maior do que esperava. Minha garganta ficou apertada e eu só imaginava em quanta gente com os pensamentos parecidos aos da Hannah existem por aí. Muitas delas têm vergonha em pedir ajuda acreditando que ninguém vai se importar. Sem esperança ou fé. O fato é que elas precisa de um tratamento urgente. Essa história nos instiga a olhar o próximo com mais empatia. A entender melhor o seu ponto de vista e em pensar duas vezes sobre tudo o que chega aos nossos ouvidos. E como um pequeno ''eu me importo com você'' pode mudar completamente o futuro de quem menos se imagina.  Esse é o tipo de livro que não sairá tão fácil dos meus pensamentos e mereceu entrar para a turma dos queridinhos.



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