9 de outubro de 2015

Resenha - Coração sem fim




Titulo: Coração Sem Fim
Autora: Larissa Lúcio de Carvalho
Editora: Chiado Editora
Nº de paginas: 456

Um romance que ressalta os sentimentos mais profundos vividos pelo ser humano, o conflito que esbarra no contraste do volúvel para o estável. A preocupação das tartarugas marinhas e recifes de corais, a adoção de animais abandonados, temas polêmicos envolvendo dislexia, bipolaridade e bulimia. Tudo dentro de um contexto familiar que se atrela nas relações de amizade, gerando amores platônicos, amores reais e amores doentios.

No dia-a-dia nos deparamos com inúmeras dificuldades, tanto na nossa vida pessoal, quanto na profissional. E as pessoas com as quais convivemos, a mesma coisa. Se pararmos para analisar esses acontecimentos, por mais corriqueiros que sejam, podemos nos deparar com pequenos ou grandes dramas, mas que sempre deixam marcas ou, no mínimo, algum aprendizado.

Foi isso o que mais senti lendo Coração Sem Fim. Toda a história gira em torno de um triangulo amoroso: Bianca ama Ruan, que ama Samanta. Os três são amigos desde a infância, vivem juntos, mas fica óbvio, já nas primeiras páginas, que o amor vai ser o motivo da separação. Mas enquanto acompanhamos os encontros e desencontros desse romance, conhecemos as histórias que navegam ao redor: a bigamia do pai e a bipolaridade da mãe de Samanta, a bulimia de Bianca, a dislexia de Natália, irmã de Samanta, o primeiro contato com drogas de Bianca, a luta para proteger as tartarugas marítimas e os animais abandonados de Samanta, a religiosidade como meio de encontrar forças e explicações para os problemas, entre outros temas, como o que é mais importante: a amizade ou o amor?

"Sabia que algo nela havia mudado em relação a ele ou, talvez, esse sentimento sempre estivesse lá, quieto, e com as mudanças dos últimos dias, tivesse desabrochado. Ficou estática sem conseguir entender o que estava acontecendo naquele momento."

Não desmerecendo nenhum dos outros pontos abordados na obra, mesmo porque eles acabam sendo abordados de maneira mais superficial, o que mais me interessou foi justamente essa última pergunta. O que prevalece numa decisão: ficar com quem você ama e abrir mão de uma amizade, ou abrir mão de seu amor, mas manter a amiga por perto? É uma pergunta injusta, mas de fácil resposta. A partir do momento em que surge o amor no meio de uma amizade, ela termina, ou se modifica. O amor de Bianca por Ruan é platônico, daquele tipo que beira a fixação, doentio. Já Ruan é seguro sobre o que sente por Samanta, mas não abandona a amizade por Bianca. Ele sabe separar os dois sentimentos melhor do que as duas garotas. Não deixa um interferir no outro. E apesar da intensidade do sentimento de Bianca, quem menos sabe agir perante o amor, é Samanta.

A maioria das decisões e atitudes dela são imaturas e equivocadas. Não só quanto a Ruan, mas também quanto a Bianca. Isso acaba influenciando o que senti pela personagem. Em determinado ponto, embora ainda torcesse para que ela ficasse com Ruan, também compreenderia se isso não acontecesse. Na verdade, até considerei que ela não o merecia. E muito menos a amizade de Bianca. A explicação que ela dá à mãe para ir embora para a Inglaterra é puro egoísmo.

"Ruan sabia que seria difícil essa conversa, mas não poderia viver em função do medo de Bianca voltar a ter recaída. Ela precisava enfrentar esse capítulo de sua vida. Ele sofrera, Samanta sofrera. Bianca não poderia sofrer? Ela teria que tentar pelo menos entender que ele não a amava do jeito que ela gostaria."

Minha decepção pela personagem aumenta quando ela conhece Peter, o jovem professor que se apaixona por ela. Ele modifica o próprio comportamento de conquistador diante da paixão que sente por ela. Entretanto, quase no fim do livro, Samanta toma uma decisão motivada por uma situação absurda e sem dar qualquer chance de defesa a Peter.

Com Samanta na Inglaterra, é compreensível que Ruan se entregue às investidas de Bianca. Os dois personagens são os mais constantes e simpáticos da história. Inclusive, a tentativa de Ruan de se apaixonar pela amiga é emocionante, mas, obviamente, sem qualquer resultado duradouro. Não se pode controlar o que se sente. Cedo ou tarde os verdadeiros sentimentos retornam e fazem a pessoa encarar a realidade.

Gostaria de falar mais da parte final do livro, mas ela ainda não existe. Coração Sem Fim é o primeiro de uma possível duologia. Assim, nenhuma situação fica resolvida. Inclusive, o ponto onde a história termina, neste primeiro volume, é no meio de situações limites para quase todos os personagens.

A obra de Larissa de Carvalho é baseada em situações corriqueiras e problemas comuns a muitas pessoas. Isso acaba criando uma cumplicidade com o leitor. Apesar de não existirem reviravoltas que surpreendam, os personagens são cativantes, mesmo os que despertam antipatia, e suas atitudes seguem uma linha comum e lógica. A leitura é fácil e rápida, apesar da quantidade de páginas, e o mais importante: fica a vontade de ler logo a continuação e descobrir o desfecho do triângulo amoroso.


2 comentários :

  1. Que resenha diferente! Adoreiiii!!! O primeiro leitor que diz que não gostou da Samanta rsrs
    Cada interpretação que leio que me encanta. Parabéns, pelo blog e sucesso!!!!!

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  2. Muito boa a resenha, me interessei em ler o livro, blog esta lindo tb viu, parabens a todos os envolvidos
    []`s André
    pausaparapitacos.blogspot.com.br/

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