13 de junho de 2017

Resenha - 111 Ais



Titulo: 111 Ais
Autor: Dalton Trevisan 
Editora: L&PM Pocket
Nº de paginas: 128

Neste livro encontram-se 111 dos célebres mini-contos de Dalton Trevisan, cuja grande característica é um olhar sem ilusões, trágico e tragi-cômico sobre o gênero humano. Um livro cuja densidade é inversamente proporcional a economia de palavras.





Olá pessoal!

Hoje estou aqui para falar de 3 coisas que estou tendo a sorte de apreciar há pouco tempo...

  • Autores nacionais 
  • Dalton Trevisan 
  • Minicontos 

Puro Amor!!!

Em relação aos autores nacionais confesso que tinha um pouco de preconceito digamos assim... tinha lido poucas coisas e não tinha me identificado ou talvez não tenha entendido os textos devido à complexidade, por exemplo aquelas obras que obrigam a gente ler na escola sabe... enfim... não tinha gostado e fiquei um pouco traumatizada. Mas ao ler e ouvir várias resenhas de obras nacionais, comecei a ficar curiosa e dei uma segunda chance aos nossos escritores. Sorte a minha!
Tive a oportunidade de ler obras de Clarice Lispector, Cecília Meireles, Raphael Montes, Maria Helena Mossé, Miguel Sanches Neto... e entre eles também conheci Dalton Trevisan.
Dalton é curitibano... meu conterrâneo ;) .... e nasceu em 14 de junho de 1925... EPA EPA É AMANHÃ!!! QUE COINCIDÊNCIA... PARABÉNS DALTON!!!
Mesmo que morássemos em Curitiba... pertinho da sua casa... com certeza Dalton não é o tipo de pessoa que gostaria de ser parabenizado e abraçado no dia do seu níver kkkkkk... Dalton Trevisan não é apenas um ótimo escritor, ele é digno de uma personagem literária!
Durante conversas e pesquisas em nossos clubes de leitura, descobrimos várias curiosidades a seu respeito e à sua natureza reservada e exótica. É totalmente avesso a entrevistas e a qualquer tipo de exposição, sendo que sempre envia representantes para receber seus prêmios ou realizar contatos com as editoras. Devido sua personalidade exótica recebeu o apelido de “Vampiro de Curitiba”, nome de um de seus livros mais famosos.
Com uma linguagem popular, Dalton cria personagens de significado universal, utilizando de situações cotidianas para as suas narrativas.
Outra recém descoberta foram os minicontos, ou também chamados microcontos, ou ainda nanocontos. A ideia é narrar uma história com o mínimo de palavras, ou seja, dar um contexto onde a maior parte será imaginado ou deduzido pelo leitor... é uma delícia! Quanta criatividade!
Juntando tudo isso, apresento a vocês a obra de hoje... 111 Ais de Dalton Trevisan!
Temos em cada página um miniconto e uma ilustração realizada por Ivan Pinheiro Machado. Apresenta a maioria dos contos com tons melancólicos ou eróticos e recheados de ironias.
Obra perfeita para carregar na bolsa e a cada possibilidade poder ler um conto inteiro, sem pausas ou interrupções ;)
Por seus tamanhos reduzidos também são ótimos para serem trabalhados em grupos, sala de aula e até mesmo declamados.
Hoje em vez de transcrever um quote, vou me dar o luxo de escrever um, ou melhor, três contos completos!

“A velhinha meio cega, trêmula e desdentada: 
― Assim que ele morra eu começo a viver.” 


 “O grito da menina diante da cadelinha que deu cria: 
― Venha ver, mãe. Tadinha da Fifi. Ai, toda em pedacinho.”


" O jantar para os dois casais amigos. Na parede uma das mulheres nuas de Modigliani.
Tanta festa, muito riso: o lombinho uma delícia. Até que um dos maridos:
― Essa moça do quadro. Ela sorri pra você?
― É o meu consolo das horas mortas. 
A dona acode, oferecida:
― Ela sou eu, não é, bem?
Um murro na mesa estremece prato e e espalha talher:
― Ela é você? Quando você teve esse amor desesperado nos olhos? Esse perdão infinito na boca?
Outro soco espirra vinho tinto na toalha:
― Não se conhece, sua bruxa?" 

Espero que tenham  oportunidade de ler e que se divirtam com esses 111 pequenos cutucões, quer dizer, 111 Ais ;)

Beijos literários


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