Resenha - Toda Poesia

Titulo: Toda Poesia 

Autor: Paulo Leminski

Editora: Companhia das Letras

Nº de paginas: 424

Paulo Leminski foi corajoso o bastante para se equilibrar entre duas enormes onstruções que rivalizavam na década de 1970, quando publicava seus primeiros versos: a poesia concreta, de feição mais erudita e superinformada, e a lírica que florescia entre os jovens de vinte e poucos anos da chamada “geração mimeógrafo”. Ao conciliar a rigidez da construção formal e o mais genuíno coloquialismo, o autor praticou ao longo de sua vida um jogo de gato e rato com leitores e críticos. Se por um lado tinha pleno conhecimento do que se produzira de melhor na poesia - do Ocidente e do Oriente -, por outro parecia comprazer-se em mostrar um “à vontade” que não raro beirava o improviso, dando um nó na cabeça dos mais conservadores. Pura artimanha de um poeta consciente e dotado das melhores ferramentas para escrever versos. Toda poesia é uma verdadeira aventura - para a inteligência e a sensibilidade.

Olá pessoal!
Venho mais uma vez trazer algo diferente nas minhas resenhas e dessa vez arrisquei mergulhar no mundo da poesia.
Conheci a obra de Paulo Leminski durante pesquisas feitas para um Sarau Literário aqui na minha cidade, onde meu grupo de teatro foi convidado a participar.
Primeiramente para minha grande surpresa, ao investigar sobre a vida do autor, descobri que ele nasceu na mesma cidade que eu... Curitiba! Esse fato já foi o suficiente para me deixar mais curiosa a seu respeito... às vezes parece que os grandes escritores estão tão distantes...até parecem fruto da nossa imaginação, não é mesmo?!
Enfim, durante minhas leituras fui me identificando cada vez mais com sua escrita dinâmica e extremamente criativa. É tão bom quando a gente se identifica com aquilo que lê, quando temos a sensação de que aquilo foi escrito especialmente para nós! Se isso nunca aconteceu com você, tenha paciência, porque quando acontecer você vai saber sobre o que estou falando :)
Só digo uma coisa... foi difícil escolher as poesias que seriam interpretadas no sarau hein kkkkk... achava uma melhor do que a outra!

Bem no fundo 
"No fundo, no fundo, 
bem lá no fundo, 
a gente gostaria de ver nossos problemas
 resolvidos por decreto
 a partir desta data,
 aquela mágoa sem remédio
 é considerada nula
 e sobre ela — silêncio perpétuo
 extinto por lei todo o remorso,
 maldito seja quem olhar pra trás,
 lá pra trás não há nada,
 e nada mais
 mas problemas não se resolvem,
 problemas têm família grande,
 e aos domingos
 saem todos a passear
 o problema, sua senhora
 e outros pequenos probleminhas.”

Esse livro, como o próprio nome diz, reúne toda a trajetória poética do autor: haikais, poesias concretas, poemas-piadas e canções.
Paulo Leminski apresentou parcerias com grandes intérpretes da música popular brasileira, como por exemplo Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Arnaldo Antunes entre outros.
Vocês vão perceber que o autor preferia escrever pequenas poesias, o que facilita por exemplo trabalhar as mesmas em sala de aula, grupos de leitura ou de teatro.

Razão de ser

"Escrevo. E pronto.

Escrevo porque preciso,

preciso porque estou tonto.

Ninguém tem nada com isso.

Escrevo porque amanhece,

E as estrelas lá no céu

Lembram letras no papel,

Quando o poema me anoitece.

A aranha tece teias.

O peixe beija e morde o que vê.

Eu escrevo apenas.

Tem que ter por quê?"

Os poetas têm o dom de transferir para o papel, de uma forma bela e inteligente, os nossos sentimentos mais íntimos e intrigantes.
É extremamente encantadora a vontade inquietante que os poetas possuem em desvendar o mundo.
Descobri aos poucos que um livro de poesia deve ser degustado aos poucos, como uma deliciosa taça de vinho, sem pressa e com o coração aberto.
Ah os poetas, malabaristas das palavras, obrigada por amenizarem as nossas dores e tranquilizarem as nossas almas.
Dê uma chance aos nossos amigos poetas, se não gostar do estilo de um tente outro, porque mais cedo ou mais tarde um deles falará com você!