9 de setembro de 2015

Resenha - A Outra Vida

Título: A Outra Vida
Autora: Susanne Winnacker
Editora: Novo Conceito
Páginas: 272

O mundo de Sherry — de uma hora para outra — mudou completamente. Por causa de um vírus muito contagioso, as pessoas que ela costumava conhecer, e quase todas as pessoas de sua cidade, Los Angeles, na Califórnia, se transformaram em mutantes assustadores. Esses mutantes têm uma força excessiva, são ágeis, o corpo é coberto de pelos, eles lacrimejam um líquido imundo e… comem gente! Portanto, não há muito o que fazer — talvez tentar fugir — quando se encontra algum deles. A não ser que você tenha ao seu lado a força e a determinação de um jovem como Joshua. Joshua perdeu uma irmã para os mutantes e sua raiva é tão grande que ele seria capaz de vingar todos aqueles que perderam alguém para as criaturas. No entanto, para que esta revanche aconteça, é preciso prudência. Afinal, até que ponto a disseminação deste vírus foi uma coisa realmente natural? Que poderosos interesses estão por trás desta devastação? E será que Joshua e Sherry conseguirão ter a cautela necessária para lutar contra as criaturas justo agora que seus corações estão agitados pelo começo de uma paixão?

A narrativa de A Outra Vida é bastante envolvente. A autora soube dosar as partes de ação junto com as de suspense, de romance, de conhecimento e de descrição. Os dois personagens principais, Sherry e Joshua, são cativantes e convencem como casal de jovens apaixonados, embora esse lado romântico tenha sido pouco explorado, além de que só ocorre nos últimos capítulos. O foco principal é a ação.

Os monstros que dizimaram a população são nojentos e a descrição de seus ataques é clara e transmite o suspense necessário. O detalhe das lágrimas, embora sem qualquer função específica para a trama, funciona bem e cria uma diferenciação, que os coloca em um nível diferente dos zumbis de outras obras.

As explicações para a causa do vírus ter se alastrado também é convincente, dentro do limite de descrença normal desse tipo de ficção. A forma como Sherry e Joshua descobrem esses segredos, embora rodeada por coincidências, não chega a causar desconforto. E o clímax da obra, obviamente deixando várias pontas soltas para uma possível continuação, não deixa o leitor com raiva pela ansiedade desnecessária.

"Eu nem me lembrava mais do cheiro do mar ou da sensação de andar descalça na praia, sentindo a areia entre os dedos. Nem mesmo sabia se meus amigos ainda estavam vivos. Como eles eram mesmo? Tinha uma lembrança tão vaga! Engoli o nó da garganta e pedalei o mais rápido que pude."

Mas, apesar de todas essas boas características, faltou algo na obra de Susanne Winnacker. Eu tentei descobrir se era a semelhança das criaturas com os zumbis, não pela aparência, mas pela função que representam na mudança do mundo. Depois, pensei na semelhança das situações pelas quais Sherry e Joshua passam, como perseguições, embates com as criaturas, a forma de contagio, a casa segura onde podem dormir e tentar sobreviver, a falta de recursos, o perigo iminente, os reais responsáveis pelo vírus, entre outros detalhes. Cheguei à conclusão que, na verdade, foram todos esses fatores juntos que não me deixaram considerar A Outra Vida como uma leitura que ficaria na minha lembrança por muito tempo.

"O ruído parecia se aproximar e eu recuei. Alguma coisa apareceu no final do corredor. Na luz fraca, só deu para ver uma silhueta. Parecia um ser humano, mas estava curvado e meio coberto por pelos cinza. Nossos olhos se encontraram. Havia uma centelha amarelada neles, como uma fagulha de loucura. Ou era fome! Dei um passo para trás. Meu grande erro. A criatura se arremessou em minha direção. "

Entendam que a história e os personagens não são ruins. Ela é simples, com poucos acontecimentos, bem escrita e entusiasmante. Toda a ação é bem distribuída e empolgante. Mas, como disse acima, tudo é muito semelhante a algo que você já leu ou já assistiu. Não há uma real novidade, algo que deixe o leitor sem saber o que pensar ou sem saber o que poderá acontecer. Tudo o que ocorreu é previsível, não pela forma como foi escrito, mas porque já está na memória do leitor.

Embora pareça bobagem, esse detalhe remove toda a curiosidade do leitor. É como assistir a um episódio de uma série ou a um filme onde a história é a mesma, mas com outros personagens e monstros modificados. Assim, não crie expectativas em encontrar algo de novo. Prefira curtir a aventura e passar algumas horas acompanhando os perigos que Sherry e Joshua correm para salvar seus entes familiares e amigos.

Acho que isso já é suficiente para justificar a leitura.


Um comentário :

  1. Que triste quando um livro não corresponde às expectativas :/ até dá um desânimo de tentar pegar para ler, ainda mais com tantos de zumbi por aí... Falando nisso, já leu Celular, do Stephen King? Achei tipo, UAU. Enquanto não terminei de ler, eu sonhei todas as noites que estava junto com os personagens no apocalipse zumbi da história.

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